terça-feira, 20 de maio de 2014

Devagar se chega rápido

Hoje, ao ver o Jornal O Estado de São Paulo, relembrei dois pontos da minha infância em São Paulo.  Adorávamos passear por entre as avenidas e parques - quando você é criança tudo parece diferente, maior do quo que realmente é.  A realidade de uma criança vai mudando conforme o conhecimento vai sendo adquirido.

A primeira foto que eu vi que me remeteu a minha infância foi o anúncio no jornal da “Solução Definitiva”.


Hoje, 20 de maio de 2014, morando em Mossoró –RN, vendo esta foto e escutando frequentemente o discurso de prefeitos, vereadores, técnicos de secretarias de urbanismo, transportes e comunidade em geral sobre a tal “Solução Definitiva” para se acabar com o problema dos estacionamentos nos centros das cidades, ou seja,  volto a minha infância por uma foto postada a 53 anos. O que me faz refletir, depois do anúncio, da construção, da operação e do fiasco paulistano, por que queremos repetir aqui e em alhures os mesmos erros cometido?

Não nos contentamos somente com a questão dos estacionamentos, somos todos progressistas e queremos circular de automóvel particular pela cidade, de preferência sem engarrafamentos, portanto, podemos diminuir as calçadas, extirpar parques, passar a motosserra, asfaltar tudo em nome do "progresso", da modernidade. Ora, não foi isso que foi feito há 43 anos em São Paulo, pelo então engenheiro Paulo Maluf para aliviar o “trânsito” quando da construção do Minhocão?

                                        Antes do Minhocão


                                     Depois do Minhocão


Deveríamos olhar com carinho o que os americanos, paulistas etc. fizeram em nome do progresso, da velocidade, do trânsito, da busca desenfreada pelo fluxo livre de passagem, talvez fizéssemos diferente. Não se justifica sacrificar os espaços urbanos em nome da mobilidade individual. Passadas algumas décadas hoje podemos ver que a velocidade média do trânsito nessas capitais é igual a velocidade das charretes há 150 anos. Fizemos muito para não sairmos do lugar, ou melhor, talvez devêssemos fazer menos daqui por diante, quem sabe se devagar não tivéssemos chegado mais rápido?