DEVEMOS LIMITAR AINDA MAIS AS VELOCIDADE NAS CIDADES
Enquanto algumas
poucas (ainda) cidades no mundo vem se esforçando para diminuir a carnificina
no trânsito, podemos ouvir a “antiga” classe autodominante vociferando contra
as medidas que diminuem a velocidade nas cidades, instalam câmaras e sensores
de vigilância etc..
Hoje São
Paulo, como fizeram Londres, Paris, Nova Iorque (atrasadamente) dentre outras,
diminui as velocidades em algumas ruas do centro da cidade para 40km/h.
A diminuição
da velocidade é simbólica no centro de qualquer cidade, principalmente nas
horas em que o comércio funciona, visto que os carros estão presos nos congestionamentos
criados por eles mesmos. Mas a simples menção de que a velocidade será diminuída
gera uma crítica acelerada e desgovernada, senão vejamos.
A velocidade média
na hora do pico em Manhattan é cerca de 15 a 20km/h, faz décadas que é assim. O
paulistano gasta em média 2h:45min no trânsito em média diariamente. Londres
instituiu o pedágio urbano como tentativa de aliviar congestionamentos e por ai
vai. E o que todas essas cidades tem em comum, trânsito lento.
Alguém
sabiamente poderia perguntar, se esta tudo congestionado, por que então diminuir
a velocidade para 30 ou 40km/h? A pergunta é pertinente, e merece ser
respondida.
Velocidades
médias são estimadas dividindo-se a distância percorrida pelo tempo necessário
para cobri-la. Podemos realizar uma viagem em que a velocidade média tenha sido
25km/h, isso nos diz muito pouco ou quase nada sobre nossas velocidades
instantâneas durante o trajeto. Considere velocidades instantâneas como uma
medida única, observada a qualquer momento da viagem, como se tivéssemos um radar
registrando todas as velocidades a todo o momento.
Quando
observados os registros do radar teríamos diversas medidas, dentre elas as mais
altas e as mais baixas. Suponhamos que a velocidade média da viagem tenha sido
dos mesmos 25km/h, mas a mais elevada tenha sido de 70km/h e tenha sido
atingida ao longo de um quarteirão. Imagine que o semáforo abriu, acelerou-se o
carro, atingiu-se a velocidade final perto da próxima esquina, seguido de forte
frenagem, pois o semáforo fechou-se novamente e, numa sucessão de quarteirões,
essa cena se repetisse diversas vezes ao longo do trajeto, ou seja, a cada quarteirão
ou trecho andado uma clareira onde fosse possível acelerar fortemente seguido
de algum bloqueio, semáforo fechado ou o próprio tráfego.
No compito
geral de distância percorrida e tempo gasto para percorrê-la em trânsito
urbano, pouco ou quase de nada adianta acelerar por demais em pequenos trechos,
pouquíssimo tempo poderá ser reduzido do tempo total da viagem. Todas a acelerações
realizadas na tentativa de se diminuir o mínimo tempo serão em função da colocação
em risco de vias humanas que transitam pela cidade.
Haverá ainda
quem argumente que maiores velocidade economizariam combustível. Grandes acelerações
não contribuem em nada para a economia de combustível, pelo contrário,
reduzem-nas ainda mais. Ademais, quem assim se preocupa com o ambiente, deveria
deixar o carro em casa, ou não tê-lo, pois o automóvel é o meio mais perdulário
de se consumir energia inventado pelo homem, pois tem-se que, ao se deslocar,
consumir energia extra para se levar junto uma tonelada de aço, plástico,
alumínio e borrachas.