Atualmente moro em Mossoró, RN. Uma das coisas que mais me chamou
a atenção com relação ao trânsito em Mossoró foram os acidentes. Que me lembre,
havia presenciado 3 acidentes em toda a minha vida, um em Taubaté (década de
80), outro em Curitiba (década de 90) e no Rio de Janeiro (década 00), tudo
isto no lapso de tempo de 30 anos. Meu primeiro semestre em Mossoró vi 3, todos
na minha frente, juro que queria ter filmado. Ainda pretendo andar com uma
filmadora ligada para poder filmar mais acidentes. Semana passada estamos
filmando uma avenida para efetuar contagem de tráfego para disciplina de eng.
de transportes e os alunos filmaram um acidente envolvendo uma motocicleta.
Até minha vinda para o Nordeste, motos não
eram uma questão que eu me preocupava, inclusive tive uma Turuna (honda 125) na
década de 80.
Já havia trabalhado no oriente e visto a
realidade de países como Indonésia, Vietnã etc., aquela infinidade de motos,
achava aquilo longe para a realidade brasileira.. Certa vez estive em um
Shopping Center em Jakarta e fique paralisado quando vi que um andar do
shopping era somente para o estacionamento de motos, todas de pequena cilindradas,
Bizz, cinquentinhas etc.
Me mudo para Mossoró em 2009, me sinto mais para asiático do que
americano. Já no primeiro semestre procurei levantar o número de motos na
cidade. Pelos dados do Denatran as frotas de carro e moto se equivaliam,
suspeitei que o denatran estivesse errado uma vez que não registra as motos
cinquetinhas, portanto o numero de motos seria maior que o número de carros.
Em nossas contagens de tráfego temos encontrado uma paridade entre
carros e motos, o que bate com os dados oficiais, porém cerca de 25% das motos
em circulação na nossa cidade são motos que não foram emplacadas, que
provavelmente sejam conduzidas por pessoas sem carteira.
Talvez haja uma relação direta entre este tipo de motos e acidentalidades.
Conversando com a polícia estadual do RN, o oficial me relatou que muitos
destes acidentes não registram Boletim de Ocorrência por temerem a ação da
justiça, visto que muitos deles não tem carteira ou não possuem documentos do
veículo –estarrecedor.
Dada estas condições, ou seja, falta de educação para o trânsito,
falta de legitimidade, mais uma
engenharia de tráfego que prioriza mais a
fluidez do tráfego em detrimento da segurança, o resultado não poderia ser
outro: ACIDENTES. Tem muito mais por trás dos acidentes, mas por hora bastam
estas colocações para saber que continuaremos a matar muito mais pessoas no
trânsito.
O trabalho de educação nas escolas de engenharia precisa avançar,
os conceitos de segurança viária ainda engatinham em nossas cidades. Não temos
técnicos treinados em número suficiente para ocupar os órgão de trânsito e
transporte. Vamos sofre muito ainda.
Por hora, deixo esta mensagem do Ppotal da UOL do dia de hoje: Número
de motos já é maior do que o de carros nos Estados do Norte e do Nordeste, a
qual pode ser traduzida como: O número de mortos e sequelados será crescendo no
Norte e Nordeste nos próximos anos.
Número de motos já é
maior do que o de carros nos Estados do Norte e do Nordeste
Regiões mais pobres do país, Norte e
Nordeste viram uma mudança do perfil de sua frota nos últimos anos e, hoje, já
têm mais motos do que carros circulando nas ruas. Segundo o Denatran
(Departamento Nacional de Trânsito), em 2012 o número de motos nas duas regiões
superou o dos carros, diferente do que aconteceu nas demais regiões do país.
No Nordeste, o número de motos e
motonetas superou a marca de 5 milhões, contra 4,9 milhões de carros nas ruas.
O salto do número de motos é recente –elas praticamente dobraram de quantidade
em apenas cinco anos. Em 2008, eram 2,6 milhões de motos e 3,3 milhões de
carros.
No Norte, a proporção é ainda maior:
1,6 milhão de motos contra 1,2 milhão de carros. A maior quantidade de motos na
região, porém, é um fenômeno menos recente: desde 2008 isso ocorre. Para efeito
de comparação, o Estado com maior frota --São Paulo-- tem uma moto para cada
3,1 carros circulando nas ruas. No país, essa média é de 2,1.
Explicação econômica
A explicação para a febre das motos
nas duas regiões é econômica. O aumento real do valor do salário mínimo, as
facilidades no crédito e até o Bolsa Família explicam a mudança de perfil da
frota nas duas regiões mais pobres do país.
"A renda média da população
pobre cresceu de forma significativa nos últimos anos, e cresce mais rápido que
a das classes A e B", informou a economista Luciana Caetano, citando que
as duas regiões são basicamente dominadas por pessoas das classes C, D e E,
principais públicos das motos.
"Muitas vezes o proprietário
consegue a receita para pagar a parcela com a própria movimentação que tem. É o
substituto do cavalo, do jumento, da carroça", disse Caetano.
Acidentes
crescem
Com as motos e suas facilidades, as duas regiões passaram a registrar
mais mortes no trânsito. O crescimento no número de óbitos fez o assunto
entrar no topo da lista de problemas de saúde pública nas duas regiões,
especialmente nas emergências do interior.
Segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde, a região que
registrou maior aumento no número de mortes foi o Nordeste. Entre 2006 e 2011,
o número absoluto de óbitos saltou de 2.125 mortes para 4.035. Ou seja, por
dia, 11 nordestinos morrem por dia em acidentes.
Traduzindo em dados, o crescimento foi de 89%, 30 pontos percentuais a
mais que a média nacional do mesmo período, que foi de 59%.
"O número de acidentes é extremamente preocupante. Sem dúvida é
uma epidemia. Da quantidade de leitos usados pelo SUS [Sistema Único de Saúde],
a grande maioria é para vítimas de acidentes de moto. É um gasto enorme",
disse Eloy Yanes, coordenador do Comitê para Redução de Morbimortalidade no
Trânsito de Alagoas.
Imprudência
Além de tirar vidas, os acidentes também causam prejuízos aos cofres
públicos. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Tráfico, a cada morte,
cinco pacientes por acidente de moto são internados em estado grave em um
hospital.
Já segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), cada paciente custa, em média, R$ 152 mil aos hospitais,
sobrecarregando o serviço público de saúde, especialmente nos Estados pobres.
Para Yanes, muitos condutores não estão verdadeiramente aptos a dirigir
motos na região. "O acidente de trânsito não é uma fatalidade, é algo
perfeitamente evitável. Ou foi uma falta de boa condução, ou de cuidado, ou
imprudência. Mesmo com Lei Seca, aqui temos muitos condutores bebendo e
dirigindo", disse.