sexta-feira, 15 de outubro de 2010

I DESAFIO INTERMODAL DE MOSSORÓ/RN
22 DE SETEMBRO DE 2010

No dia 22 de setembro de 2010 - Dia Mundial Sem Carro, foi realizado o I Desafio Intermodal de Mossoró (DI). O Desafio Intermodal tem por objetivo comparar os diversos modos de transporte existentes na cidade de Mossoró em relação aos tempos de viagem, custos de viagem (passagem, combustível, estacionamento etc.) e a emissão de poluentes de cada modo de transporte.

A realização do Desafio Intermodal possui pouquíssimas regras. Aos participantes é dado um ponto de origem e um ponto de destino e o horário de largada. Do ponto de largada ao ponto de chegada, os participantes do Desafio Intermodal podem escolher livremente seus itinerários, lembrando sempre que o Desafio Intermodal não é uma corrida, e, portanto, cada participante deverá se deslocar como o faz normalmente, sempre com cortesia e respeito ao próximo e às leis de trânsito.

A concentração dos competidores do I Desafio Intermodal se deu por volta das 17:30 na Praça do Rotary Club, localizado entre as esquina das ruas João da Escóssia e Rua Antônio Viera de Sá no bairro de Nova Betânia. O ponto de chegada escolhido para o I Desafio Intermodal foi o pátio da reitoria da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, localizado na Av. Francisco Mota, 45 (figura 1). A distância média entre os pontos de início e de chegada é cerca de 6,0km. A largada ocorreu pontualmente as 18:00 horas.



Figura 1 – Mapa contendo legendas de ponto de Largada (A) e ponto de Chegada (B)

Estiveram presentes neste primeiro Desafio Intermodal 11 (onze) participantes divididos em: 1 (um) usuário de moto-táxi; 2 (dois) motociclistas, sendo que um carregava um garupa; 2 (dois) ciclistas, sendo um homem e uma mulher; 2 (dois) motoristas com carros pequenos, sendo um homem e uma mulher; 1 (um) usuário de ônibus e 3 (três) pedestres.

Dada a partida, exatamente as 18:00 horas, os participantes se deslocaram para seus respectivos modos de transporte. O primeiro participante a chegar foi o usuário do moto-táxi, por sorte, coincidência ou alta provisão de moto-taxistas na cidade, o participante pode embarcar quase que imediatamente em um moto-táxi computando um tempo total entre a largada e a chegada de apenas 13 minutos para percorrer os cerca de 6km do trajeto.

Os usuários de motocicleta chegaram em segundo e terceiro lugar respectivamente. Um dos participantes contava ainda com um garupa. Os tempos de viagem desses participantes foi de 16 e 18 minutos respectivamente.

Os participantes que usaram bicicletas para apesar de terem feito o mesmo tempo não fizeram o mesmo percurso e completaram a Desafio em 20 minutos. No momento em que os ciclistas chegavam e desembarcavam de suas bicicletas na reitoria da UFERSA o primeiro carro também chegava.

O segundo carro completou o percurso em 27 minutos, porém o participante parou para abastecer o carro durante o percurso.

O usuário do transporte público escolheu uma tática de não esperar os ônibus circulares na proximidade do ponto de largada e caminhou cerca de 2km até o ponto de ônibus próximo ao Cemitério Municipal, aumentando assim suas chances de conseguir embarcar em um ônibus que o levasse direto à reitoria da UFERSA. O tempo total gasto pelo participante foi de 45 minutos.

Os participantes que optaram com caminhar necessitaram de 70 minutos para cumprir o trajeto proposto.

Ponto Inicial: Praça do Rotary Club
Ponto final: Reitoria da UFERSA TEMPO Custos monetários, sociais e ambientais

Nome Modo Largada Chegada Tempo R$ Emissão CO2
1 Camilla Moto-táxi 18:00 18:13 13 min 5,00 0,63
2 Claudino Motocicleta 18:00 18:16 16 min 0,85 0,63
3 Ygo/Ana Motocicleta 18:00 18:18 18 min 0,15 0,63
4 Klebson Bicicleta 18:00 18:20 20 min 0,00 0,0
5 Barbara Bicicleta 18:00 18:20 20 min 0,00 0,0
6 Daniel Carro 18:00 18:20 20 min 1,75 1,8
7 Olga Carro 18:00 18:27 27 min 1,75 1,8
8 Fernan Ônibus 18:00 18:45 45 min 1,85 0,27
9 Eric, Caminhada 18:00 19:10 70 min 0,00 0,0
Tabela 1 – Resultado do I Desafio Intermodal de Mossoró, RN

Figura 2 - Modo de transporte x tempo de
viagem. Fonte: EC, 1999


Os tempos de chegada dos participantes no I DI de Mossoró mostram que os tempos deslocamentos em relação às distâncias e modos de transportes são similares aos observados em cidades européias. Além de os deslocamentos não-motorizados serem de baixo custo, são extremamente eficazes para viagens de curta distância. A figura 2 mostra a bicicleta como o modo de transporte mais rápido para viagens com distâncias de até 5 km, entre 5 e 8 km o automóvel passa a ter uma ligeira vantagem em relação aos tempos de viagens gastos pelas bicicletas.
No caso de Mossoró, observamos que a bicicleta foi competitiva até o sexto quilometro e na medida que as cidades forem ficando cada vez mais congestionadas pelo incremento da frota brasileira, teremos um crescimento da vantagem competitiva das bicicletas e motos em relação aos outros modos de transportes.


O crescimento da vantagem competitiva dos modos não-motorizados também será aumentado pela implantação de medidas de restrição de velocidades de veículos automotores em zonas urbanas. Na medida em que a sociedade se conscientizar que o excesso de velocidade em ruas e avenidas aumenta a probabilidade de morte dos cidadãos, teremos obrigatoriamente que readequar as velocidades para proteger a vida.


Figura 3 – Velocidade de impacto x probabilidade de morte


O espaço público é o bem valioso para uma sociedade. É nos espaço público que temos a oportunidade de exercermos nossa cidadania, nos deslocarmos, fazer negócios, namorar, jogar conversa fora, desfrutar a cidade etc. Praças, calçadas e ruas precisam ser administradas de maneira a contemplar as necessidades não só de deslocamentos dos cidadãos, mas também criar um ambiente que seja agradável para a vida, para a troca de gentilezas, para o encontro do ser com outras realidades. A gerência destes espaços em uma sociedade não é questão trivial, pois há que se contemplar a diversidade de modos de transportes e, escolhas em favor de um determinado modo de transporte podem comprometer não só os demais modos mas também o ambiente no qual se encerra a cidade.

Alguns modos são consumidores de espaços urbanos e exigem cada vez mais investimentos em áreas públicas e privadas (desapropriações) para a manutenção da fluidez. O conhecimento do consumo de espaço urbano por modo de transporte passa despercebido pela sociedade e é muitas vezes ignorado pelos engenheiros tão ciosos de promover a fluidez do trânsito.

As escolhas que fazemos hoje sobre o uso de áreas públicas e privadas em determinados modos de transporte se traduzirão no futuro imediato na qualidade de vida das cidades.



Figura 4- Consumo de espaço urbano por diferentes modos de transporte