quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Velocidade Efetiva

Depois de alguns Desafios Intermodais e de ter comprado e vendido alguns carros nestes últimos 20 anos, fiz algumas contas simples e vi que gastamos muito com os carros, seja na compra, manutenção, seguros,  impostos etc. e recebemos relativamente pouco quando comparamos o que eles entregam e o que efetivamente foi gasto.
Em um exercício no curso de administração de empresas, os alunos fizeram os cálculos do custo mensal para um carro 0km  que custasse R$100.00,00 (cem mil reais) com tempo de vida útil de 5 anos e valor de revenda de R$50.000,00 (cinquenta mil reais). O custo mensal encontrado computando os valores referentes a depreciação, remuneração do capital, IPVA, seguro, manutenção, peças e acessórios, rodagem etc., gira em torno de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Note que este não inclui combustível, R$2.500,00 é o valor desembolsado pelo proprietário somente para ter o carro na garagem, a medida que ele se deslocar o valor do combustível deve ser acrescido. 
Os alunos ficaram chocado com os resultados encontrados, afinal era muito dinheiro para ter um carro tipo "jeepinho". Refizemos os cálculos para o popular mais barato do mercado, o resultado foi, novamente, surpreendente para eles. O custo do carro "popular" passava de R$1.000,00/mês, sem contar com o custo da gasolina.
 Os resultados dos desafios intermodais mostram que tanto faz a pessoa ter um carro popular, um sedã médio ou uma ferrrari, os tempos de viagem destes carros serão os mesmos, desde que os motoristas respeitem as regras de trânsito. Portanto, os motoristas/proprietários se deslocarão na mesma velocidade, porém os custos de deslocamentos dos mesmos serão imensamente diferentes. 
Thoreau em Walden já falava de velocidade efetiva, confesso que passei batido quando o li, Ivan Illich em Energia e Equidade já mostrava o quão ineficaz era a busca da sociedade pelo aumento da velocidade urbana. Recentemente Paul Tranter tratou da velocidade efetiva em um estudo sobre diversos modos de transporte em cidades australianas, a proposta de Tranter é criar um selo, do tipo procel, para informar aos potenciais compradores de carros a real velocidade efetiva de cada modelo. Confiram abaixo uma tradução que fiz do artigo. 

Velocidades efetiva: Custos do carro estão nos atrasando


Introdução
Equipes de corrida da Fórmula Um gastam centenas de milhões de dólares a cada ano para que os motoristas possam viajar a velocidades muito altas por um tempo muito curto. Se estas equipes querem ser competitivas, eles não têm escolha a não ser dedicar enormes quantidades de tempo e dinheiro em seus carros. Mas isso é uma estratégia sensata quando aplicada aos transportes todos os dias? Vale a pena investir centenas de horas por ano para pagar por um modo de transporte que poderia economizar apenas a metade do que no tempo de viagem? Podemos ajudar a responder a esta questão, considerando o conceito de "velocidade efetiva", onde a velocidade é calculada com base na quantidade total de tempo gasto por um modo de transporte. A aplicação deste conceito de "velocidade efetiva" fornece alguns resultados surpreendentes na comparação entre carros, bicicletas e transportes públicos.   Paul J. Tranter

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