As calçadas portuguesas
Quando nossos patrícios cá chegaram não
encontraram uma só calçada, era tudo mato, bicho para tudo quanto é lado.
Naquela época os proprietários estavam obrigados a limpar a frente de suas
casas aos domingos para que as pessoas pudessem ir a igreja sem encontrar
cobras, aranhas etc.
O costume de cuidar da calçada em frente
ao lote ficou enraizado no conceito brasileiro, nossa legislação, com
raríssimas exceções, confirmou a obrigatoriedade do proprietário da manutenção
do passeio. Talvez este tenha sido nosso grande erro.
O brasileiro, ao contrário do português,
não conseguiu dar o salto de qualidade na mobilidade urbana no principal meio
de transporte: a caminhada.
Nossa história mostra que no começo
tentamos copiar as calçadas portuguesa, basta olhar o calçadão de Copacabana,
maravilhoso por sinal. Mas, as calçadas portuguesas, ah!!. Com certeza são
maravilhosas.
As calçadas portuguesas literalmente
invadem os espaços destinado ao deus carro e seus tentáculos permitem que os
seres humanos desfrutem lugares maravilhosos, como a Rua Augusta em Lisboa,
fechado para carro e aberta para a vida.
Em vários pontos de Lisboa as calçadas
continuam soberanas e não se curvam aos carros.
Em frente as maravilhosas igrejas
portuguesas, um traffic calming para
proteção e deleite dos fiéis admiradores da cidade humana.
As vezes nem é
preciso reformar as calçadas, basta limitar o acesso dos veículos motores aos
residentes.