Prefeituras, prefeituras, prefeituras......
O título poderia ser Governo Federal, Governo Federal, Estado, Estado ..... etc., ficou prefeitura porque efetivamente é quem deve gerenciar as cidades, ou deveria.
Tenho, nesses mais de 20 anos, andado e visitado a trabalho vários entes governamentais. Já estava acostumado a chegar em alguma repartição pública e me deparar com o despreparo quanto ao corpo técnico quanto aos equipamentos etc. Modo geral os equipamentos estão sempre defasados ou simplesmente não há equipamentos, as equipes regra geram, mal treinadas, ou sequer tiveram algum treinamento, mas uma coisa é comum, oconcur memso é o excesso de cargos comissionados, os famosos ASPONES, enfim o famoso me engana que eu gosto,
Lembro-me chegando ao Ministério das Cidades para oferecer apoio financeiro e técnico quanto a questão do Transporte Ativo (caminhada, bicicleta etc.) e me deparar com uma infraestrutura sofrível do Ministério das Cidades, tanto fisicamente quanto tecnicamente. O representante da Fundação que estava doando o recurso disse que nunca havia visto um ministério tão mal instalado (vou usar essa palavra, por ora) quanto aquele.
A visita foi tão decepcionante e a burocracia foi tamanha que desistiram de doar qualquer quantia que fosse. Para se doar tecnologia, capital humano, equipamentos, teríamos que implorar para que os aspones fizessem os papéis (processos) caminharem. Enfim, aquele era o Ministério das Cidades, aquilo que supostamente deveria dar apoio aos entes federados.
A lembrança do incidente no Ministério das Cidades e a falta de comprometimento, tanto de aspones quanto técnicos de carreira, é, em minha opinião, uma das mazelas brasileiras.
Recentemente estive ministrando um treinamento em uma cidade, estávamos indo bem até eu mudar a dinâmica do treinamento. Enquanto era o palestrante falando e os técnicos ouvindo, parecia que a coisa ia bem, mas ao mudarmos o enfoque e passarmos o bastão para que os técnicos assumissem, as coisas começaram a desandar.
Desandaram um pouco antes quando avisei que iríamos trabalhar o modo mais importante da mobilidade urbana. Ao anunciar que iríamos tratar do modo mais importante, e que o modo mais importante era a caminhada. Sim, a caminhada, algo de sinistro ocorreu.
Era como se algo muito ruim tivera acontecido. Um acidente de percurso havia acontecido. Como assim, vamos tratar da caminhada? Vamos sair às ruas para caminhar em conjunto e verificar as condições das calçadas? Vamos caminhar? O que faremos com o sol?
Fiquei chocado com a atitude da equipe. Confesso que foi um golpe. Um golpe violento. Como prosseguir se a equipe encarregada de cuidar da mobilidade urbana enxerga a caminhada como um inimigo? Algo desprezível, como se a caminhada fosse para quem não tivesse outro recurso para se locomover.
Alguns segundos para refazer o raciocínio, respirar fundo e partir para o óbvio lembrar o que não se pode esquecer; que somos seres caminhantes. Apelei. Como algumas das pessoas participantes eram mulheres, perguntei a elas se eram mães, se gostariam de ser, caso não fossem, se fossem, se andavam com seus bebês em seus carrinhos pelo bairro ou pelas redondezas, se conheciam algumas mamães. Contei que fazia feira com Maria, minha filha, e que ia colocando os produtos no carrinho, junto com minha Maria. Ataquei de novo, perguntei se sabiam se alguma idosa conhecida já havia caido e quebrado algum osso, nisso todas conheciam alguma história. Pedi para que se imaginassem daqui a 20, 30, 40 anos, quando a idade já tivesse chegado, e pedi para que se imaginassem caminhando nessas mesmas calçadas.
Depois de meia hora de argumentos, contra argumentos, emoções a flor da pele, finalmente admitiam a ideia de pensar nas calçadas. Ainda não sei se resolveram trabalhar em prol da mobilidade, qualquer dia, se souber, eu conto.
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