O poder da imagem
Hoje, dias dos pais, meu amigo, ao abrir o e-mail institucional de uma universidade, se deparou com uma figura que não tem nada a ver com a instituição. Segundo meu amigo, ele não faz a mínima idéia do por que foram escolher essa figura e eu não faço idéia do porque ele me enviou.
A Universidade dele, bem como as demais instituições de ensino públicas, aquelas que deveriam estar na vanguarda do pensamento e do exemplo, mostram-se ser as mais reacionárias e retrógradas quanto a questão da mobilidade.
Raríssimas exceções encontraremos nas universidades brasileiras um ambiente preparado para receber e acolher os estudantes e funcionários. Estamos na pré-história da mobilidade, do desenho universal, do privilégio do humano sobre a máquina.
Via de regra, nessas instituições, dão a preferência ao carro, fazem grandes avenidas, deixam a velocidade livre (colocam umas plaquinhas mequetrefes de 30km/h), devotam amplos espaços aos estacionamentos, depois fazem umas calçadinhas chinfrins e nada, nada de infraestrutura cicloviária. Como esperar que nossa sociedade seja diferente?
Mas, no dia dos pais, colocam uma fotinha bonitinha e, é isso.....
Esse amigo me contou que quando estavam fazendo o plano de circulação da tal universidade, foi indicado para participar do plano de mobilidade por ser conhecido pelo trabalho na área em questão. Alguns professores fizeram parte, bem como um técnico e uma discente. Começaram a fazer as reuniões para discutir e introduzir os conceitos sobre mobilidade, traffic calming, sistema cicloviário etc. Para surpresa do meu amigo, um engenheiro do setor de infraestrutura veio até ele e falou que não deveríam fazer essas reuniões e discutir alternativas, afinal a reitoria já havia comprado o plano de mobilidade e necessitavam apenas o OK ao “plano”. Conclusão, já que haviam decidido tudo e somente precisavam de um mané para validar, nunca mais meu amigo apareceu na tal comissão, ele nem sabe como terminou. Sabe que implantaram exatamente o que compraram. E que planinho maltrapilho, é só visitar a instituição.
Esse amigo me contou que quando estavam fazendo o plano de circulação da tal universidade, foi indicado para participar do plano de mobilidade por ser conhecido pelo trabalho na área em questão. Alguns professores fizeram parte, bem como um técnico e uma discente. Começaram a fazer as reuniões para discutir e introduzir os conceitos sobre mobilidade, traffic calming, sistema cicloviário etc. Para surpresa do meu amigo, um engenheiro do setor de infraestrutura veio até ele e falou que não deveríam fazer essas reuniões e discutir alternativas, afinal a reitoria já havia comprado o plano de mobilidade e necessitavam apenas o OK ao “plano”. Conclusão, já que haviam decidido tudo e somente precisavam de um mané para validar, nunca mais meu amigo apareceu na tal comissão, ele nem sabe como terminou. Sabe que implantaram exatamente o que compraram. E que planinho maltrapilho, é só visitar a instituição.
Mudou a reitoria. Ele me contou que foi tentar interferir na construção das calçadas e da circulação, disse que falou com o arquiteto, com o reitor, com o vice.......
As calçadas foram um episódio trágico, se não fosse cômico. Meu amigo disse que foi até a reitoria, lá pediram para que ele falasse com o arquiteto. Ele foi, encontrou-se com o arquiteto e perguntou qual teria sido o parâmetro utilizado para planejar estas calçadas...
As calçadas foram um episódio trágico, se não fosse cômico. Meu amigo disse que foi até a reitoria, lá pediram para que ele falasse com o arquiteto. Ele foi, encontrou-se com o arquiteto e perguntou qual teria sido o parâmetro utilizado para planejar estas calçadas...
Segundo meu amigo, a resposta do arquiteto foi: planejei de acordo com o manual, duas pessoas lado a lado, largura recomendada, ponto. No mesmo momento da resposta, meu amigo pediu que o arquiteto olhasse para a rua, nesse momento vinham uns 4 ou 5 alunos caminhando pelo meio da rua, ele argumentou:
_Olha! Aluno anda em bando, as calçadas aqui deveriam ter no mínimo 4 metros, as pessoas gostam de caminhar lado a lado. Quando as aulas acabam todos saem juntos, as calçadas deveriam comportar essa tsunami de alunos.
O “ arquiteto” olhou meu amigo como se ele fosse mais um daqueles professores loucos, insanos. Como assim calçadas de 4 metros (no mínimo)?
Aproveitem e reparem na foto, ela é pós construção da calçada. Onde vocês acham que a calçada esta? Depois dos carros, lógico. Primeiro acomodar os carros, depois os alunos, certo?
Meu amigo me disse que ao fazerem as primeiras aulas do curso de eng. de transportes, ele pergunta aos alunos o que eles acham das calçadas da universidade, se são boas, ruins, adequadas, convenientes etc. As respostas invariavelmente são apáticas, afinal não poderia ser diferente.
Após algumas aulas, alguns exemplos mostrados no exterior e em algumas raríssimas cidades brasileiras, após verem as boas práticas, o olhar dos discentes muda por completo. Todos os semestres o professor e os alunos saem da sala de aula e ficam ali na calçada, no laboratório ao ar livre, se divertindo em como não fazer, depois têem outras aulas práticas no centro da cidade, mas o que eles mais gostam mesmo, é do laboratório que a universidade gentilmente lhe deu (somente para as aulas de como não fazer).
Meu amigo espera que um dia a universidade desmonte esse horror e refaça como deveriam ter feito.
Meu amigo reflete que a semente da mudança foi plantada, um dia frutificará, assim ele crê.
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