segunda-feira, 18 de julho de 2016

Responsabilidade Social

Ontem sai com minha filha para andarmos de bicicleta, o objetivo era sairmos do nosso prédio e irmos à Av. Rio Branco. No domingo a Av. Rio Branco é fechada e a via se torna um imenso espaço público onde pedestres, corredores, patinadores, ciclistas etc., se divertem e desfrutam o final de tarde e início da noite livre do movimento de carros e motos.

Já havíamos ido muitas vezes à Av. Rio Branco, sempre colocava as bicicletas no carro, dirigiamos até lá e depois pedalávamos, mas ontem foi diferente, já saímos pedalando de casa, foi ai que o medo, um certo pavor surgiu.

Maria tem 9 anos, era a primeira vez que pedalava na rua, montei então um esquema de proteção. Escolhi as ruas com menor fluxo de carros e com pavimento de asfalto para facilitar a pedalada para a pequena. Pedi que ela ficasse sempre na minha direita, assim eu ficava entre o carro e Maria.

Quando estávamos chegando ao centro, prova de fogo. Como atravessar um semáforo com uma criança em uma bicicleta quando não há tempo nem para pedestres? 

Aproveitei e expliquei para ela o que ela deveria olhar, quais cuidados tomar etc. Deixamos um ciclo semafórico completar, apareceu uma oportunidade e finalmente cruzamos a interseção do cemitério (sem trocadilhos).

Na noite anterior havia lido como os holandeses se sentem orgulhosos de como todas as suas crianças podem pedalar em segurança para as suas escolas, isso mesmo, todas as crianças. 

Lembrei de Maria em Paris me perguntando o que duas crianças do tamanho dela estavam fazendo sozinhas atravessando a rua em patinetes, expliquei para elas que elas estavam saindo da escola e indo para casa. Maria mais que rapidamente me perguntou o porque ela também não poderia fazer o mesmo em nossa cidade. Qual resposta dar para essa criança?

E se mudássemos o foco das crianças para os adultos com mais de 70 anos? Idosos que não dirigem por não possuírem carros, ou os que perderam a capacidade de guiá-los, ou que por qualquer outra razão não façam uso dos carros particulares e tenham de se deslocar pelas cidades. Poderiam fazê-lo através do uso de táxis e de transportes públicos, o que de fato lhes custaria muito caro, o que torna esses deslocamentos um impeditivo para a grande maioria das pessoas.

A solução seria o uso das  calçadas, mas o uso das calçadas pelos idosos é quase impossível, não temos calçadas com acessibilidade na imensa maioria das cidades, os riscos de acidentes são enormes uma vez que as interseções não estão programados com tempo de cruzamento para pedestres. Nas interseções onde há o tempo para pedestres, estes estão dimensionados para uma caminhada rápida para  vencer a distância entre as duas esquinas, nunca vi um estudo brasileiro que considere o tempo de caminhada dos idosos.


Enfim, a mudança do viário para proteção de crianças seria uma dádiva para os idosos e vice-versa.


2 comentários:

  1. Para um país sem estrutura física, ao meu ver teria que se investir muito em educação de trânsito, conscientização e em leis mais voltadas para a proteção e mobilidade dos "menores", porém estas alternativas precisariam de um longo prazo para terem efetividade... Existiria uma solução a curto prazo, que não exigisse um investimento tão alto?

    ResponderExcluir
  2. Para um país sem estrutura física, ao meu ver teria que se investir muito em educação de trânsito, conscientização e em leis mais voltadas para a proteção e mobilidade dos "menores", porém estas alternativas precisariam de um longo prazo para terem efetividade... Existiria uma solução a curto prazo, que não exigisse um investimento tão alto?

    ResponderExcluir