Responsabilidade Social
Ontem sai com minha filha para
andarmos de bicicleta, o objetivo era sairmos do nosso prédio e irmos à Av. Rio
Branco. No domingo a Av. Rio Branco é fechada e a via se torna um imenso espaço
público onde pedestres, corredores, patinadores, ciclistas etc., se divertem e
desfrutam o final de tarde e início da noite livre do movimento de carros e motos.
Já havíamos ido muitas vezes à
Av. Rio Branco, sempre colocava as bicicletas no carro, dirigiamos até lá e depois
pedalávamos, mas ontem foi diferente, já saímos pedalando de casa, foi ai que o
medo, um certo pavor surgiu.
Maria tem 9 anos, era a primeira
vez que pedalava na rua, montei então um esquema de proteção. Escolhi as ruas
com menor fluxo de carros e com pavimento de asfalto para facilitar a pedalada para a pequena. Pedi que ela ficasse sempre na
minha direita, assim eu ficava entre o carro e Maria.
Quando estávamos chegando ao
centro, prova de fogo. Como atravessar um semáforo com uma criança em uma
bicicleta quando não há tempo nem para pedestres?
Aproveitei e expliquei para
ela o que ela deveria olhar, quais cuidados tomar etc. Deixamos um ciclo
semafórico completar, apareceu uma oportunidade e finalmente cruzamos a
interseção do cemitério (sem trocadilhos).
Na noite anterior havia lido como os holandeses se sentem
orgulhosos de como todas as suas crianças podem pedalar em
segurança para as suas escolas, isso mesmo, todas as crianças.
Lembrei de Maria em Paris me perguntando o que
duas crianças do tamanho dela estavam fazendo sozinhas atravessando a rua em
patinetes, expliquei para elas que elas estavam saindo da escola e indo para
casa. Maria mais que rapidamente me perguntou o porque ela também não poderia
fazer o mesmo em nossa cidade. Qual resposta dar para essa criança?
E se mudássemos o foco das crianças para os adultos com mais
de 70 anos? Idosos que não dirigem por não possuírem carros, ou os que perderam
a capacidade de guiá-los, ou que por qualquer outra razão não façam uso dos
carros particulares e tenham de se deslocar pelas cidades. Poderiam fazê-lo através
do uso de táxis e de transportes públicos, o que de fato lhes custaria muito
caro, o que torna esses deslocamentos um impeditivo para a grande maioria das
pessoas.
A solução seria o uso das calçadas, mas o uso das calçadas pelos idosos é quase impossível, não
temos calçadas com acessibilidade na imensa maioria das cidades, os riscos de
acidentes são enormes uma vez que as interseções não
estão programados com tempo de cruzamento para pedestres. Nas interseções onde
há o tempo para pedestres, estes estão
dimensionados para uma caminhada rápida para
vencer a distância entre as duas esquinas, nunca vi um estudo brasileiro
que considere o tempo de caminhada dos idosos.
Enfim, a mudança do viário para proteção de crianças seria
uma dádiva para os idosos e vice-versa.
Para um país sem estrutura física, ao meu ver teria que se investir muito em educação de trânsito, conscientização e em leis mais voltadas para a proteção e mobilidade dos "menores", porém estas alternativas precisariam de um longo prazo para terem efetividade... Existiria uma solução a curto prazo, que não exigisse um investimento tão alto?
ResponderExcluirPara um país sem estrutura física, ao meu ver teria que se investir muito em educação de trânsito, conscientização e em leis mais voltadas para a proteção e mobilidade dos "menores", porém estas alternativas precisariam de um longo prazo para terem efetividade... Existiria uma solução a curto prazo, que não exigisse um investimento tão alto?
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